Mensagens

[2] coluna | O DIABO E A POLÍTICA

  Coluna por Carlos Heitor Cony Sempre que leio os jornais, lembro uma historinha que nem sei mais quem me contou. Naquela aldeia, todos roubavam de todos, matava-se, fornicava-se, jurava-se em falso, todos caluniavam todos. Horrorizado com os baixos costumes, o frade da aldeia resolveu dar o fora, pegou as sandálias, o bordão e se mandou. Pouco adiante, já fora dos muros da aldeia, encontrou o Diabo encostado numa árvore, chapéu de palha cobrindo seus chifres. Tomava água de coco por um canudinho, na mais completa sombra e água fresca desde que se revoltara contra o Senhor, no início dos tempos. O frade ficou admirado e interpelou o Diabo: - O que está fazendo aí nesta boa vida? Eu sempre pensei que você estaria lá na aldeia, infernizando a vida dos outros. Tudo de ruim que anda por lá era obra sua - assim eu pensava até agora. Vejo que estava enganado. Você não quer nada com o trabalho. Além de Diabo, você é um vagabundo! Sem pressa, acabando de tomar o seu coco pelo canudin

[1] coluna | POLÍTICA É O DIABO

coluna por Carlos Heitor Cony   Franco Zeffirelli passou temporadas no Rio e numa delas montou uma ópera no Municipal. Convivi com ele, naquela ocasião. A ideia original era uma apresentação de "Tosca", mas ele preferiu "A Traviata", que é uma adaptação da "Dama das Camélias". Insisti pela ópera de Puccini, embora nada tivesse contra a obra de Verdi.   Ele não apreciava o drama de Victorien Sardou, no qual Puccini buscou a história de "Tosca", um quadro bastante amplo das lutas políticas do "ottocento", quando Napoleão invadiu a Itália, libertando-a do absolutismo e da tirania.   O amor entre a cantora Floria Tosca e o pintor Mario Cavaradossi foi um pretexto para Sardou colocar em cena a luta contra a tirania -quando, por mais que pareça absurdo, Napoleão, o invasor, era também o libertador.   Puccini havia assistido ao drama de Sardou em Paris e ficara impressionado não com o "background" histórico da peça, ma

data de criação

 hoje dia 2 de abril ...